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Reforma da Previdência é ainda pior para as mulheres
O projeto de reforma da previdência do governo apresenta um pacote de alterações com o objetivo de reduzir benefícios e criar obstáculos para a concessão de aposentadorias. A reforma é prejudicial ao contribuinte, ao trabalhador e atinge especialmente as mulheres.
Um dos itens de maior atenção é o aumento da idade para a aposentadoria das mulheres – o projeto estabelece idade mínima de 62 anos, o que se diferencia em apenas três anos da idade mínima para os homens.
Sabe-se, que a condição da mulher no cenário nacional requer uma diferenciação significativa. Somos nós, em maioria, as chefes do lar, assumimos uma dupla jornada, com os cuidados da casa, família e dos filhos e, ainda, recebemos menos pelo mesmo trabalho desempenhado por homens, sem contar que são as mulheres a grande maioria das trabalhadoras informais.
Considerando este cenário, o impacto do projeto da reforma da previdência é cruel com as mulheres. Além da idade mínima, o tempo de contribuição aumenta: de 15 para os 20 anos. Trabalharemos mais, por mais tempo e, ainda, não teremos a integralidade de nossas aposentadorias – para termos direito ao valor integral o tempo de trabalho é muito maior – são 40 anos de contribuição.
A sequência deste projeto, e sua aprovação, trará mais desigualdade social, uma redução significativa de aposentadorias concedidas. Quantas mulheres que conhecemos deixaram de trabalhar por algum período para cuidar dos filhos ou da casa? Quantas ficaram desempregadas e nunca mais conseguiram trabalhar, após o afastamento, pois o retorno ao mercado de trabalho é difícil? Quantas mulheres sustentam suas casas com a venda de produtos informalmente, por terem que cuidar de seus pais, seus filhos? E as que sequer puderam estudar ?
São estas mulheres que enfrentarão um futuro de incertezas. Somos todas nós, que veremos a desigualdade e o antigo formato social ser retomado.